sábado, 12 de fevereiro de 2011

Argentina mantém "alerta amarelo" quanto ao programa nuclear brasileiro - Wikileaks

Brasília - Documentos secretos divulgados pelo Wikileaks revelaram que a Argentina mantém "alerta amarelo" em relação ao programa nuclear brasileiro, revelou hoje a página electrónica Ópera Mundi.


Segundo o sítio na Internet, documentos enviados a Washington pela embaixada dos EUA em Buenos Aires comprovam que o director encarregado de não proliferação nuclear no Ministério argentino das Relações Exteriores em 2009, Gustavo Ainchil, disse aos norte-americanos que os brasileiros "escondem tecnologia, como centrífugas".


Esta declaração foi feita durante uma reunião, em Dezembro de 2009, de representantes argentinos com o conselheiro político da embaixada dos EUA em Buenos Aires, Alex Featherstone, sobre o programa nuclear brasileiro.


A iniciativa da reunião partiu dos norte-americanos, após o embaixador argentino em Brasília ter procurado a embaixada dos EUA para reclamar do Brasil.


Duas semanas antes, o Presidente do Irão, Mahmoud Ahmadinejad, foi recebido pelo então chefe de Estado brasileiro, Lula da Silva.


"A recepção do Presidente iraniano Ahmadinejad foi especialmente preocupante para a Argentina, dadas as questões com o Irão", disse Ainchil aos norte-americanos, citado pelos documentos confidenciais enviados a Washington.


A decisão do Brasil de abrir uma missão diplomática na Coreia de Norte e a recusa do país em assinar o protocolo adicional de não proliferação nuclear, que permite inspecções nucleares com curto aviso prévio e em instalações não declaradas pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), também seriam motivo de preocupação dos argentinos.


O engenheiro naval e nuclear Leonam dos Santos Guimarães, que assessora a AIEA, disse ao Ópera Mundi que as preocupações da Argentina são, todavia, infundadas.


Guimarães lembrou que o Brasil é signatário do Tratado de Não Proliferação de Armas Atómicas e que a Constituição brasileira veda a utilização da energia nuclear para fins não pacíficos em território nacional.


Ainda que existam desconfianças por parte da Argentina quanto ao programa nuclear brasileiro, a Presidente Cristina Kirchner assinou, em final de Janeiro deste ano, um acordo com o novo Governo de Dilma Rousseff para a construção de dois reactores nucleares de pesquisa, um em cada país.

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