domingo, 22 de novembro de 2009

Aaron Russo, cineasta e politico conversando com Nicholas Rockefeller, da dinastia de banqueiros Rockefeler.Depois de manterem uma amizade proxima com Nicholas Rockefeler, Aaron rompeu abruptamente com essa ligacao, horrorizado com o que ficou sabendo sobre os Rockefellers e suas ambicoes...
Um dia destes recebi uma chamada de um advogado que conhecia e ele me disse:Quer conhecer um dos Rockefellers?Eu disse: Claro, adoraria.Nos tornamos amigos e ele comecou a me divulgar coisas imensas, e numa noite ele me disse: Vai haver um acontecimento, Aaron, e depois desse aconteimento nos vamos para o Afeganistao, para podermos colocar oleodutor no Mar Caspio (ISSO JA ACONTECEU), depois iremos para o petroleo Iraquiano e estabeleceremos uma base no oriente medio e depois vamos para a Venezuela, nos livrarmos do Chavez (E SO LER OS JONAIS).As duas primieras ja foram cumpridas, Chavez nao.Voce vai ver malta entrar dentro de grutas a procura de pessoas que nunca irao encontrarE ria-se sobre esta imaginaria guerra ao terror, e nao ha nenhum inimigo real.Ele estava falando sobre como travar esta guerra ao terror e nunca ganha-la, porque sera uma guerra eterna para que se possa tirar a liberdade das pessoas. e eu disse. "Mas como voce vai convencer as pessoas que esta guerra e real?" Ele disse: "Atravez da midia, a midia consegue fazer com que tudo parecea real. Voce vai falando sobre coisas e repetindo-as por muitas vezes ate que as pessoas vao comecando a acreditar (AO EXEMPLO AS REPETIDAS VEZES QUE BUSH FALARA SOBRE OS TERRORISTAS, TODOS CONFIRMAM O QUE BUSH FALOU, DE TANTO QUE FALAVA). Voce sabe, eles criaram a Reserva Federal em 1913 atravez de mentiras, criaram o 11 de setembro.que foi outra mentira, E atravez dele, estao travando uma guerra contra o "terror" e de repente ja s esta no Iraque, e agora vao para o IraAaron Russo: "Mas porque isso tudo? Qual o objetivo? Voces ja tem todo o dinheiro do mundo, tem todo o poder, voces estao a espalhar sofrimento. Isso nao e coisa que se faca."David M. Rockeffeler: "Para que voce quer saber das pessoas?, toma conta de ti proprio e toma conta da tua familia"Aaron Russo: "E qual e o objetivo principal disto tudo?"David M. Rockeffeler: "O principal e chipar as pessoas do mundo com um RFID. E ter todo dinheiro transacionado atravez disso e fazer tudo atravez desses chips, e se alguem quiser protestar sobre alguma coisa ou violar os nossos ineresses, podemos simplesmente desligar o chip."

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

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54. Virgindade e Aborto. Grandes fontes de sofrimento por preconceito.

Você também é responsável por isso, pela sua passividade, as ditaduras compostas por políticos por fanatismos religiosos fazem isso se tornar rotina.
Moçada, estou aqui de novo. Para alguns sou um velho, arrogante, metido, presunçoso e com um português de merda. Para outros sou um homem experiente, vivido, malandro e putanheiro. Maravilha. Opinião é igual a cú, cada um tem a sua. E respeito. Mas ninguém pode negar que, tenho 58 anos, comecei do nada, construí um pequeno império, sou formado em psicologia, seis anos de consultório, bem sucedido em tudo que fiz, não sou humilde, tenho 27 anos de noite, não tenho preconceitos, já fui preso 6 vezes, não tenho vergonha de dizer, quem deve ter vergonha é quem me prendeu injustamente, pois o lado serio da nossa justiça sempre mandou me soltar, mas sempre fui absolvido e meu país sempre fez justiça comigo. Amo a liberdade total, principalmente de pensamentos. Odeio as hipocrisias. Acredito que podemos fazer um mundo melhor com pequenos atos.
O fato de eu não ter preconceitos é que há uns 12 anos atrás me caiu um livro nas mãos com o titulo “O homem que vivia sem preconceitos”. Fiquei fascinado com este livro e ao terminar de ler refleti:
Como será viver sem preconceitos?
E a partir desta data comecei a minimizar dentro de mim todos os preconceitos. Isso é impossível, mas muitos deles consegui manipulá-los pela razão. Comecei a dirigir a minha vida por processos reflexivos e comecei a ficar fascinado. Posso dizer à vocês como é bom viver sem preconceitos. Senhores, é mentira, este livro nunca existiu!
Após ver o sofrimento, as frustrações e as injustiças, começo a perceber que os preconceitos são simplesmente formulas de manipular o meio. É uma estratégia, é uma ferramenta, dos autoritários que se acham superiores por uma insegurança ou interesses pessoais e tentam manipular segundo seus valores. O que mais incomoda os autoritários que pode ser um pai, uma mãe, um irmão ou uma irmã mais velha, um tio ou uma tia, ou a família, as instituições religiosas, os políticos, e assim é um querendo dominar o outro, mandar no outro e viver pelo outro. Ah, como é bom viver ou tentar viver sem preconceitos. Como existe beleza nos que são diferentes de mim. Bem diante disto gostaria de fazer aqui alguns comentários sobre dois temas, virgindade e aborto. Há uns tempos atrás uma amiga me procurou perguntando se eu sabia de alguém ou de algum local que fazia aborto, pois ela estava grávida de 2 meses e estava desesperada. Respondi que não sabia e que no Brasil o aborto é ilegal e que o assunto é complicado. Eu particularmente sou contra o aborto e a favor do aborto. Pode parecer incoerente ser a favor e contra. Nos meios religiosos, principalmente nos paises mais subdesenvolvidos o aborto é um tabu e um dogma religioso indiscutível. Eu tenho consciência que é uma vida que esta sendo gerada dentro daquele útero. Há dois meses atrás a menstruação da Maíra atrasou por uns 25 dias. Ficamos preocupados, mas foi um aspecto hormonal e depois de alguns dias seu período menstrual se estabilizou. Bem o que temos aí são duas situações. A primeira é de uma moça grávida de 27 anos que veio me procurar e a segunda Maíra com um ciclo menstrual desregulado.
No primeiro caso, o feto já estava formado, aquela moça carregava dentro de si um ser a crescer a cada hora, e a cada dia. O seu parceiro nem mesmo ficou sabendo da gravidez, pois os vínculos eram muito frágeis. Mas o que quero enfatizar aqui é o sofrimento daquela moça, uma gravidez indesejada, um pai que teoricamente não existe, uma alteração emocional fortíssima, o corpo dela se preparando para ser mãe, o útero crescendo, o seu ato sexual conduzido por uma irresponsabilidade ou por algumas horas de prazer transformam essa mulher. Ela não fez porque quis. Deitada sozinha em sua cama na madrugada entra em desespero, o psicológico de mãe começa a exercer um domínio, a sociedade a vê como uma vilã, os religiosos a condenam, e as leis não lhe dão conforto, pois esta tendo dentro de si o crescimento de um ser que ela não quer e poderá atrapalhar a sua vida, se esse vier a nascer não recebera o amor e a segurança material necessária, essa moça se desestrutura, se sente solitária, cai na mão de curiosos, corre o risco de morrer por infecções como ocorre com milhares de adolescentes e mulheres no Brasil, ela continua solitária e o filho continua indesejado crescendo dia a dia. Percebem o sofrimento e a angustia dessa moça por preconceitos por normas e regras hipócritas. Sim, sei que ali esta sendo gerada uma vida. Mas o que fazer, agir como o avestruz que diante dos problemas enfia a cabeça no buraco e com isso tem a sensação que isso, o problema, não mais existe. Essas hipócritas religiões condenam o uso do preservativo, que o sexo só pode acontecer nos períodos férteis e que como controle de natalidade deve-se praticar o coito interrompido que nada mais é que no meio da relação o homem tirar o pênis e ejacular fora como se isso fosse mais humano e mais justo para o casal. De sexo, teoricamente esses religiosos não deveriam entender de nada, pois eles devem praticar o celibato e para eles qualquer “buceta molhada ou pau duro é coisa do diabo, e gay é uma aberração da natureza.”

Não tenho o que falar. Quero que você reflita.

A religião prega o amor ao próximo, o respeito a vida, não vou citar aqui os casos de pedofilia dentro de instituições religiosas, nem mesmo as taras e perversões camufladas da sociedade, tudo deve acontecer no mar de rosas de amor ao próximo e de respeito a vida.
Mas aquela mulher engravidada, se praticou o aborto irá carregar pela vida um enorme complexo de culpa que poderá afetar o seu relacionamento interpessoal e ate a sua vida sexual.
Não esqueçamos os dados estatísticos assustadores aonde a grande maioria dos abusos sexuais em adolescentes e mulheres são praticados no seio da família. Não estou aqui desvalorizando a família. Eu particularmente considero que família é um grupo de pessoas que se mantém unidos por laços afetivos.
Citei como segundo exemplo o caso da Maíra e que quando sua fase menstrual se regularizou, simplesmente eliminou os óvulos não fecundados. Os meus espermas quando lançados no útero da Maíra não fecundam por um controle hormonal, com uso de anticoncepcional.
Pergunto:
Vida. O que é?
Alma. O que é?
Amor ao próximo é deixar aquela mulher na solidão com um feto não desejado?
Não estou aqui querendo “cagar” regras ou ser o dono da verdade. Estou usando deste texto para levá-lo a reflexão sobre este tema que é tão complexo. Sou a favor do aborto e sou contra o aborto.
Fica aqui registrado o meu respeito e carinho por toda mulher que infelizmente teve que praticar aborto e carrega isso como complexo de culpa. Saiba que você não é só e que milhares de outras mulheres tiveram que tomar essa atitude e que o assunto é muito delicado.
Agora vamos falar da segunda parte desse texto. Virgindade. Sou contra a virgindade e a favor da virgindade. É , é incoerente. É difícil citar exemplos ou falar sobre virgindade no sentido cultural. Na África chegam a cortar o clitóris das meninas no inicio da puberdade para que elas não venham a sentir prazeres na sexualidade. Ainda existem pais que jogam suas filhas para fora de casa quando perdem a virgindade. Ainda existem cafetinas que vendem virgindade como troféu. As religiões vêem na virgindade um troféu, uma benção divina, uma demonstração de santidade. Eu particularmente gosto das mulheres que gozam gostoso, que gostam do cacete do homem, que sentem prazer no ato sexual com amor e ate sem amor. Gosto de mulheres, de fêmeas que gostam de machos. Respeito as lésbicas e os gays, é uma forma de opção sexual, pois como já disse em textos anteriores a sexualidade com fins reprodutivos não ultrapassa a 1%.
Mas voltando a vocês virgens. Não vejo nenhum mérito em serem virgens, mas também não vejo nenhum demérito manter a virgindade, pois se ainda não aparecer o homem certo por amor e tesão ou só amor, ou só tesão que também é valido, não se entreguem! Guardem esse tesouro para quem merece ou se faça por merecer. Mas não se esqueçam que a virgindade é só um pedaço de pele que funciona como um selo. O não ter mais o selo faz você uma mulher tão digna quanto a que tem o selo, pois a dignidade da mulher não esta na virgindade, esta no caráter, na sensibilidade, no amor e na capacidade de gerar a vida quando decidido em comum acordo entre dois seres. Bom finalizando o texto. A relação entre aborto e virgindade é que vocês mulheres em um ato de carinho, de amor ou de atração física se entregam ao homem, este lhe tira a virgindade e vocês poderão ser felizes por horas, por meses, por anos ou pela vida toda.
Não importa! O que importa é ser feliz!
Acima citei o meu respeito e carinho as mulheres que tiveram que fazer aborto e agora também digo do meu respeito as mulheres que se mantém castas esperando o homem certo. Vocês mulheres me sensibilizam, a sociedade as querem virgens, após a perda da virgindade vocês devem se transformar em fogosas amantes e se engravidarem a culpa e só dela serão humilhadas, escorraçadas e excluídas da sociedade e se fizerem um aborto carregarão o complexo de culpa por toda uma vida. É minhas amigas, a sociedade é muito delicada com suas hipocrisias. Eu as amo por serem mulheres. De vocês eu vim ao mundo, com vocês eu convivo, com vocês eu dou e recebo prazer, com vocês formamos nossas famílias, temos nossos filhos e tentamos ser felizes. Ignorem os preconceitos, fodam, trepem, chupem os paus dos seus machos, abram as pernas, deixem que eles acariciem seus peitos, os suguem em uma ato de simbologia materna edipiana. Troquem carinhos, sacanagens, fantasias.
Vocês virgens quando acharem o homem certo, aquele que bate no coração e que te de somente tesão, e se vocês já tiverem maturidade entreguem-se, nos corredores dos prédios, nas garagens dos carros, nos motéis e nos drive-ins, no matinho. Não importa o lugar! O que importa é o prazer, é o se sentir mulher. Nós machos, os verdadeiros machos, os homens, os cavalheiros, os gentlemans as amamos.
O que me inspirou a fazer este texto foi minha filha que perdeu a virgindade com 15 anos com amor
e hoje é uma mulher de 30 anos, realizada e feliz. O meu neto que foi planejado e veio com muito amor e que se este fato não tivesse sido planejado hipoteticamente poderia ter acontecido um aborto, e teríamos matado o meu neto, a minha maior fonte de felicidade. Assunto complicadíssimo. A novela das 21 da Globo, Viver a vida que enfatiza entre outro temas polêmicos da nossa sociedade, a virgindade. Me inspirou também aquela minha amiga que me procurou desesperada querendo fazer um aborto e a alteração do ciclo menstrual da Maíra.
Obs 1º: Este homem que não quer ser humilde pede a vocês comentários de mulheres, homens, gays, lésbicas, bissexuais, freiras, padres, bispos, putas, virgens, ex-virgens, seres sedentos de amor, seres frios sexualmente, pois somos nós que povoamos o mundo.
Agradeço antecipadamente todos os comentários que vocês farão.
Iniciei este blog com o objetivo de demonstrar as injustiças que fizeram comigo. Depois falei que roupa suja deve-se lavar na calçada ou aqui neste blog, e hoje uma das coisas que muito me fascina neste blog são os comentários e as perguntas.
Obs 2º: Já passamos dos 77.000 acessos, isso é o que importa.
Obs 3º: Por respeito a você mulher, por respeito a vida não se esqueça do seu anticoncepcional, ou então do preservativo e só se entregue a quem te respeita como mulher. Se de o direito que Deus ou a natureza te dotou. Saibam que vocês mulheres tem uma capacidade de orgasmo muito superior a nós homens. Removam os preconceitos, tirem os bloqueios. Nunca deixe que os complexos de culpa vindo de hipócritas, falsos moralistas ou de homens inseguros em sua sexualidade comprometam esse seu corpo tão lindo. Você pode ser gorda, magra, alta ou baixa, feia ou linda. Isso tudo é casaca, é aparência, pois a essência, a semente esta em você.
Nenhum ser humano tem direitos sobre o outro, o que vale é o dialogo, o convencimento por lógica, por amor, ou cumplicidade. E o melhor caminho para o orgasmo é o respeito, mas não se esqueça que o primeiro que deve te respeitar é você mesma.
Se você se respeita, os outros te respeitarão.


Em meu ponto de vista ser cristão é tomar atitudes. Quem me ensinou foi o pai do cristianismo um grande cara um homem que não tinha preconceitos que não tinha templos e que não cagava regras e sua principal frase era "AMAIVOS UNS AOS OUTROS"

Oscar Maroni.

Quem se atreve a ter certeza?

Este livro convida você a um delicioso e intrigante mergulho nas questões do conhecimento, da ciência e da filosofia. Não pretende dar respostas definitivas, porque não existem. Como dizem seus autores, a intenção é levar os leitores aos conhecimentos e não levar os conhecimentos aos leitores. A Física Quântica deixa de ser um bicho-de-sete-cabeças, e várias outras questões como o princípio da incerteza, a inter-relação de todos os eventos físicos, de que é constituída nossa realidade, são apresentadas sem mistérios. Descortina-se um mar de todas as possibilidades. Abrem-se caminhos e mais caminhos para satisfazer a curiosidade inata e instigá-la a cada passo. Você não precisa ser cientista para entender este livro. Basta se aventurar na leitura. E você pode acabar tomando um café (ou um chá) com bolinhos, no encontro casual entre a nova ciência e a antiga filosofia.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Entrevista com Alan Sokal


São Paulo, domingo, 9 de novembro de 1997.

POLÊMICA Livro de Sokal deixa Paris em chamas
Físicos atacam pensadores franceses em "Imposturas Intelctuais"

BETTY MILAN especial para a Folha

Na primavera de 1996, a comunidade acadêmica americana mal se deu conta de um artigo publicado na "Social Text", umas das revistas mais conceituadas dos EUA e conhecida pela particularidade de combinar posições de esquerda com influências da filosofia pós-moderna. Assinado por Alan Sokal, professor de física na Universidade de Nova York, o texto levava o enigmático título de "Atravessando as Fronteiras - Em Direção a uma Hermenêutica Transformativa de Gravidade Quântica". O artigo só veio a ganhar repercussão quando seu autor revelou, meses depois, em outra revista, que realizara na verdade um grande embuste. No texto "Um Físico Faz Experiências com Estudos Culturais", para a revista "Lingua Franca" (de maio-junho de 1996), Sokal esclareceu que fizera propositadamente uma paródia, sem pé nem cabeça, de certa linguagem "pós-moderna" e "relativista", que recusa a possibilidade de se alcançar um conhecimento objetivo das coisas. O que ele realizara fora uma colagem de dados científicos verdadeiros com citações de obras de filósofos pós-modernos franceses, como Guattari, Deleuze e Derrida, e americanos, como Sandra Harding, sobre física e matemática -e por ele consideradas duvidosas. A revelação caiu como uma bomba nos meios universitários dos EUA. Depois de chegar às páginas do "The New York Times", a polêmica rapidamente tomou corpo e extrapolou as fronteiras dos EUA. Chegou inclusive ao Brasil, onde o economista Roberto Campos, em artigo na Folha de 22/9/96, elogiava Sokal por revelar "a submissão da idéia à ideologia" no pensamento das esquerdas. O próprio Sokal retrucaria a Campos (Folha, 06/10/96), dizendo que suas críticas se dirigiam apenas a uma parcela da esquerda, e que se considerava ainda um pensador de esquerda. Agora, com o lançamento no mês passado do livro "Imposturas Intelectuais", em parceria com o físico belga Jean Bricmont, Alan Sokal volta à carga. Tachados de "censores" pelo semanário francês "Le Nouvel Observateur", Sokal e Bricmont tentam mostrar no livro como os conceitos de ciências exatas que aparecem em escritos de Jacques Lacan, Jean Baudrillard, Julia Kristeva, Deleuze e Guattari, entre outros, não tem rigor científico algum e chegam a ser absurdos. Na França, o assunto suscitou um dos mais vivos debates dos últimos anos, além da indignação de boa parte da "intelligentsia" francesa. Na entrevista abaixo, concedida com exclusividade à Folha no Hotel des Grands Hommes, em Paris, Sokal e Bricmont tecem suas considerações sobre as "imposturas" do celebrado pensamento pós-moderno francês.

Folha -Por que o sr. escreveu a paródia para a "Social Text"?

Alan Sokal - Ela se insere num contexto político. Eu me considero de esquerda porque me oponho à distribuição de renda atual. Constatei que certas tendências da esquerda acadêmica norte-americana adotaram o relativismo, ou seja, a idéia de que o conhecimento mais ou menos objetivo do mundo natural e social não pode existir, de que todo conhecimento é subjetivo. Até as ciências naturais não passariam de mitos. Opus-me a isso, pois acho que tais opiniões estão baseadas em erros e são politicamente suicidas. Nossa tarefa, se quisermos progredir, é elaborar uma análise da sociedade atual baseada no rigor, nos fatos, em uma análise convincente.

Folha - E por que o sr. recorreu à tática de escrever uma paródia e só depois revelar o que fizera?

Sokal - Constatei que nas universidades americanas os departamentos de literatura, ciências sociais e estudos femininos são fechados à crítica vinda do exterior e mesmo de dentro do país. A resposta é sempre a mesma. Ou bem ninguém responde. Por isso, tive a idéia de escrever uma paródia.

Folha - A Folha noticiou o fato, e o sr. foi até mesmo elogiado pelo economista Roberto Campos.

Sokal
- A relação entre as posições intelectuais e as posições políticas é complexa. Fomos apoiados por pessoas de esquerda e direita por idéias que não são de ordem política. Como você deve saber, escrevi uma resposta a Roberto Campos dizendo que não ridicularizava a esquerda inteira, mas apenas uma parte, e que fora apoiado pela maior parte da esquerda americana, quase 80% das revistas.

Folha - A impostura é para o sr. "o abuso reiterado de conceitos provenientes das ciências físico-matemáticas", e o abuso se define por muitas características, entre as quais "falar abundantemente de teorias científicas sobre as quais o sujeito só tem uma vaga idéia". Faz supor que se tem um conhecimento que não se tem. Ao mesmo tempo o sr. escreveu: "Claro que nós não somos competentes para julgar o conjunto da obra dos autores" (Lacan, Kristeva...) e que "nós tentaremos explicar em que consistem os abusos cometidos no que diz respeito às ciências exatas e por que eles nos parecem sintomáticos de uma falta de rigor e de racionalidade no conjunto da obra". Em outras palavras, o sr. afirma que não é capaz de julgar o conjunto, porém julga. Não se trataria também de uma impostura?

Sokal - Uma impostura não. Talvez nós não tenhamos explicado bem o que queríamos dizer. Focalizamos o que os autores dizem quando entram em searas que nós conhecemos, como a matemática e a física. Observamos que eles aí cometeram abusos graves. Valeram-se de conceitos em contextos onde eles não têm pertinência alguma, deformaram termos científicos etc. Isso obviamente não prova nada a respeito do resto da obra.

Folha - Mas está escrito na "Introdução" que os abusos dos autores indicam falta de rigor e racionalidade no conjunto da obra...


Sokal - As imposturas não invalidam a obra toda, e nós somos explicitamente agnósticos sobre a parte que não diz respeito à física. Claro que você pode me perguntar qual é então a importância do nosso livro se o papel da matemática e da física é tão pequeno na obra dos autores criticados. O livro é importante porque mostra que há abusos graves numa parte da obra e permite questionar o resto. Não somos competentes para dirigir o questionamento, porém desejamos que outros o façam.

Folha - A sua análise me parece justa quando o sr. diz que os autores têm um estilo pesado e pomposo e que estão errados ao dizer que há nas obras deles uma preocupação literária e poética. Mas é injusta, na medida em que o sr. só cita os textos incompreensíveis dos autores e não leva em conta o que eles fizeram compreender.

Sokal - Nós escolhemos um tema que é o abuso de conceitos da matemática e física. Os autores abusaram da autoridade, se valeram do fato de serem professores.

Folha - O sr. diz que os intelectuais franceses criticados são frequentemente incompreensíveis porque o que eles escrevem não quer dizer absolutamente nada.


Sokal - Refiro-me a textos determinados. Não faço uma crítica global.

Folha - Voltemos à questão da incompreensibilidade dos autores... Jean Bricmont - As pessoas podem ser favoráveis à psicanálise, mas também reconhecerem que nos textos citados por nós há impostura, ou seja, naqueles em que Lacan usa a matemática. Não pretendemos julgar a psicanálise dele e nem a filosofia de Deleuze.

Sokal - Não estamos dizendo que tudo deva ser imediatamente compreensível: 95% dos trabalhos da física não o são. Nós nos limitamos aos textos que se referem aos domínios que conhecemos bem.

Folha - Em um artigo, Julia Kristeva disse que por intermédio dela o sr. estava criticando a França inteira. O que é um exagero, claro. Mas ela teve razão ao dizer que as ciências humanas e, em particular, a interpretação dos textos literários e a interpretação analítica não obedecem à lógica das ciências exatas. Como o sr. responde a isso?

Sokal - Claro que a lógica não é a mesma, mas nós criticamos o livro da Kristeva sobre a semiótica, no qual ela despeja coisas incompreensíveis sobre o leitor. Bricmont - É importante dizer que não se trata de um debate entre o pensamento anglo-saxão e o francês. Existe na França um espírito francês racionalista, que apreciamos. Diderot, por exemplo, era um racionalista, ao contrário dos autores que criticamos.

Folha - O sr. tem razão ao falar do terrorismo do pensamento intelectual francês. Mas será que este terrorismo não é devido à submissão dos americanos do Norte e do Sul ao espírito sistemático de papagaíce no campo das idéias?

Sokal - Nós utilizamos a palavra terrorismo uma única vez a propósito da Kristeva, que cita um enunciado muito técnico da lógica matemática -um enunciado que nem os matemáticos entendem-, dizendo "sabe-se que", quando ninguém sabe. Trata-se de uma forma de intimidar o leitor.

Folha - Gostaria de saber se existe na América do Norte -como na do Sul- um espírito de imitação. Bricmont - Na do Sul existe. Basta alguém espirrar em Paris para as pessoas ficarem gripadas em Buenos Aires.

Sokal - Em Nova York é a mesma coisa. Podemos dizer que as modas intelectuais parisienses se reproduzem nas universidades norte-americanas e talvez nas brasileiras com um atraso de dez anos.

Folha - Em resposta ao seu livro, escreveu-se no "Nouvel Observateur" que existe incompatibilidade entre uma cultura norte-americana baseada no fato e na informação e uma cultura francesa que se vale mais da interpretação e do estilo. O que o sr. acha disso?

Sokal - Afirmar que os franceses não levam em conta os fatos e a informação é confundir a alta cultura com a alta-costura, que só se interessa pelo estilo. Bricmont - Trata-se de um trocadilho. Nós obviamente apreciamos a alta-costura. Sokal - O pensamento, em qualquer domínio, implica a argumentação. Não pode ser apenas uma questão de estilo. Se for, é poesia.

Folha - Os senhores são mais realistas do que o rei, mais insistentes na separação radical dos gêneros do que os clássicos franceses.

Bricmont - É verdade que me irrito quando encontro um filósofo, como Lyotard, que diz que Deleuze é literatura, quando é filosofia. Tenho tendência a achar que essa história de dizer que não é uma coisa nem outra não é possível.

Folha -Seja como for, a contribuição dos pensadores de língua francesa para a história das idéias não é propriamente negligenciável. Gostaria que os senhores fizessem um balanço da contribuição dos norte-americanos. Bricmont - Balanço é impossível, mas quero citar Chomsky, que é um racionalista e teria gostado do nosso livro.

Sokal - Quando o "Le Monde" disse que há um imperialismo norte-americano e que eu estou querendo impor a cultura da Disney na França, respondi que a América que nós apoiamos é a de Chomsky. Folha -Quais são as condições necessárias para a instauração de um verdadeiro diálogo entre as ciências exatas e as humanas? Bricmont - Há certos ensinamentos resultantes da leitura sistemática dos autores que criticamos. É preciso saber do que a gente está falando. Se alguém quer falar das ciências exatas, deve se informar seriamente. Tudo que é obscuro não é necessariamente profundo. É fundamental distinguir entre os discursos que são de difícil acesso por causa do assunto tratado e aqueles cuja banalidade fica escondida pela falta de clareza deliberada dos propósitos. A ciência não é um "texto". As ciências exatas não são um reservatório de metáforas prontas para serem utilizadas pelas ciências humanas, que têm seus próprios métodos e não precisam seguir as mudanças na física ou biologia. Não se deve usar o argumento de autoridade etc.

Folha - Vocês dizem que criticam as idéias obscuras porque elas reforçam o antiintelectualismo fácil existente na população. Acham que se trata de fazer uma ciência que seja clara e assim possa se tornar popular no próximo século?

Sokal - Popular no sentido da vulgarização? Bricmont - A vulgarização pode ser bem feita... Sokal - No livro, a cada vez que abordamos um domínio científico, procuramos nos referir a bons textos de vulgarização.

Folha - Qual é a relação entre a vulgarização e o mercado?

Sokal - Uma parte da literatura de vulgarização peca por excessos em virtude do mercado. Insiste, por exemplo, nas teorias mais especulativas, apresentando-as como decorrentes da ciência estabelecida. A vulgarização é difícil, é uma tradução de conceitos científicos. Em nosso livro nós explicamos a teoria da relatividade para um público que não é de cientistas.

Folha -Vocês terminam o seu livro dizendo: "Lembro-me que há muito existiu um país em que os pensadores e os filósofos se inspiravam nas ciências, pensavam e escreviam claramente, procurando compreender o mundo natural e social, esforçavam-se para difundir os seus conhecimentos entre os cidadãos e colocavam em questão as iniquidades da ordem social. Esta época era a do Iluminismo -das Luzes- e este país era a França". Gostaria de saber o que se pode esperar agora? Um novo iluminismo ou uma outra coisa?

Bricmont - O fim do livro foi para lembrar aos franceses que o nosso pensamento não é antifrancês. Tendo a pensar que o espírito do iluminismo deveria voltar, assim como a crítica aos abusos de poder que existem na sociedade. O que as pessoas de esquerda chamam de pensamento crítico é obscuro, relativamente obscurantista. Somos contra isso. Sokal - Houve um progresso cognitivo inacreditável neste século, que levou a um progresso tecnológico, mas os progressos cognitivo e tecnológico não implicaram um progresso moral. É preciso estabelecer distinções claras. Dizer que Auschwitz é a consequência do iluminismo é ridículo. Bricmont - Os fascistas utilizavam a tecnologia, mas eram contra o iluminismo.

Betty Milan é escritora, autora de "O Papagaio e o Doutor" e "Paris Não Acaba Nunca".
Onde encomendar: "Impostures Intellectuelles", de Alan Sokal e Jean Bricmont (Editions Odile Jacob, 274 págs., 140 francos), pode ser encomendado à Livraria Francesa (r. Barão de Itapetininga, 275, fundos, tel. 011/231-4555, São Paulo).

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Hipocrates




"Os homens precisam saber que de nada mais além do cérebro vem alegrias, prazeres, divertimentos e esportes, e tristezas, desapontamentos, desesperanças e lamentações. E, por isso, de uma maneira especial, nós adquirimos visão e conhecimento, e nós vemos e ouvimos. E pelo mesmo órgão nós tornamos loucos e delirantes, e medos e terrores nos assaltam, alguns de noite e outros de dia … Todas essas coisas nós suportamos do cérebro, quando ele não é sadio."...........Hipocrates 460-355 a.C.

αλήθεια contemporânea

Eu estava vagando pelos canais sobre ocultismo e conspirações no youtube quando encontro esta palestra, a achei bem interessante, mas sem saber quase nada sobre aqui, sendo tudo aquilo praticamanete como algo novo para mim. Quando mostrei para algumas pessoas e por fim para meu professor de filosofia ele disse para tomar cuidado com videos de tais intenções de interdisciplinaridade, e me recomendou este livro. Seria de bom grado de todos ao menos ler este resumo. Pois é de tendencia estas interdisplinaridades. http://www.youtube.com/watch?v=d2Q_YaMPdko


O livro a todos os títulos importantíssimo está esgotado em Portugal. Daí que tenhamos considerado a oportunidade de publicar os dois textos seguintes introduzindo a obra desconhecida ainda de muitos

Imposturas Intelectuais - Alan Sokal e Jean Bricmont

A publicação deste livro em França parece ter criado uma pequena tempestade em determinados círculos intelectuais. De acordo com o que Jon Henley escreveu no The Guardian, mostrámos que «a moderna filosofia francesa é uma imensidão de disparates»

2. De acordo com o que Robert Maggiori escreveu no Libération, somos cientistas pedantes, sem humor, que corrigem os erros gramaticais das cartas de amor

3. Gostaríamos de explicar brevemente por que não concordamos com estas duas posições e de responder não só aos que nos criticam, como igualmente àqueles que nos apoiam com bastante entusiasmo.

O livro surgiu a partir de um já famoso embuste: um de nós publicou na Social Text, uma revista americana de estudos culturais, um artigo em forma de paródia com um amontoado de citações sobre física e matemática, sem nenhum sentido, mas infelizmente autênticas, da autoria de proeminentes intelectuais franceses e norte-americanos

4. No entanto, apenas uma pequena parte do dossier descoberto por Sokal durante a pesquisa bibliográfica que efectuou pôde ser incluído na paródia. Depois de termos mostrado o dossier na sua totalidade a amigos cientistas e não cientistas, convencemo-nos, pouco a pouco, de que valeria a pena colocá-lo à disposição de um público mais vasto. Pretendíamos explicar, em termos não técnicos, o absurdo das citações ou, em muitos casos, a simples ausência de sentido; pretendíamos igualmente discutir as circunstâncias que fizeram com que esses discursos alcançassem tal nomeada e tivessem continuado até então ocultos.Mas o que reivindicamos exactamente? Nem muito nem pouco. Mostramos que intelectuais famosos, como Lacan, Kristeva, Irigaray, Baudrillard e Deleuze, abusaram repetidamente da terminologia e de conceitos científicos, quer usando ideias científicas totalmente fora do seu contexto, sem para tal fornecerem a mínima justificação -note--se que não nos opomos à extrapolação de conceitos de uma área para outra, mas apenas à que é efectuada sem qualquer tipo de argumentação-, quer lançando o jargão científico à cara dos leitores não cientistas, sem considerarem a sua relevância ou mesmo o seu sentido. Não reivindicamos que esta atitude invalide o resto da sua obra, em relação à qual evitamos qualquer juízo.Por vezes somos acusados de sermos cientistas arrogantes, mas a nossa opinião sobre o papel das ciências exactas é, na realidade, bastante modesta. Não seria óptimo (quer dizer, para nós, matemáticos e físicos) se o teorema de Gödel ou a teoria da relatividade tivessem implicações profundas e imediatas no estudo da sociedade? Ou se o axioma da escolha pudesse ser usado para estudar poesia? Ou se a topologia tivesse algo a ver com a psique humana? Mas, infelizmente, nada disto é assim.O segundo alvo do nosso livro é o relativismo epistémico, nomeadamente uma ideia que, pelo menos quando expressa explicitamente, está muito mais espalhada nos países anglo-saxónicos do que na França: a ideia segundo a qual a ciência moderna não é mais do que um «mito», uma «narrativa» ou uma «construção social» entre muitas outras

5. Além de alguns abusos enormes (por exemplo, Irigaray), analisamos em pormenor uma série de confusões muito frequentes nos circuitos do pós-modernismo e dos estudos culturais: por exemplo, a apropriação abusiva de ideias da filosofia da ciência, tais como a subdeterminação da teoria pelas provas e pelos testemunhos ou a ideia de que a observação depende da teoria, para apoiar o relativismo radical.Este livro é, portanto, constituído por duas concepções distintas, embora relacionadas entre si. Em primeiro lugar, há a colecção de abusos extremos descobertos muito ao acaso por Sokal: são essas as imposturas do título desta obra. Em segundo lugar, há a crítica que fazemos ao relativismo epistémico e às concepções erradas de «ciência pós-moderna»: estas análises são consideravelmente mais subtis. A ligação entre estas duas críticas é fundamentalmente sociológica: os autores franceses das «imposturas» estão na moda em muitos círculos académicos anglo-saxónicos, nos quais o relativismo epistémico é o pão nosso de cada dia

6. Há também um vínculo lógico mais ténue: se se aceita o relativismo epistemológico, então há menos razões para se discordar das más representações das ideias científicas, que de qualquer forma não passam de um outro «discurso».É óbvio que não escrevemos este livro para realçar alguns abusos isolados. Os nossos alvos são mais vastos, embora não sejam necessariamente os que nos são atribuídos. Este livro ocupa-se de questões como a mistificação, a linguagem deliberadamente obscura, a confusão de pensamento e o uso abusivo de conceitos científicos. Os textos que citamos podem ser a ponta de um icebergue, mas o icebergue deveria ser definido como um conjunto de práticas intelectuais, e não como um grupo social.Suponha-se, por exemplo, que um jornalista descobre e publica alguns documentos que provam que determinados políticos altamente respeitados são corruptos. (Sublinhamos o facto de que isto é uma analogia, ou seja, não consideramos que os abusos aqui descritos sejam tão graves.) É claro que algumas pessoas concluirão de imediato que a maioria dos políticos são corruptos, ideia que será encorajada por demagogos que pretendem retirar dividendos políticos dessa conclusão

7. Mas tal extrapolação seria errada.Considerar este livro uma crítica generalizada às humanidades e às ciências sociais -como alguns críticos franceses fizeram- seria não só não compreender as nossas intenções, como também revelaria, numa curiosa assimilação, uma atitude de um certo desprezo para com aquelas áreas que estão na mente daqueles críticos8. Se formos lógicos, os abusos denunciados neste livro podem coexistir ou não tanto nas humanidades como nas ciências sociais. Se coexistissem, então estaríamos realmente a atacar em bloco essas áreas, o que seria justificado. Se não coexistem (como cremos), então simplesmente não há razão para criticar um académico por aquilo que diz outro académico da mesma área. De uma maneira mais geral, qualquer leitura do nosso livro como um ataque incondicional a X -seja X o pensamento francês, a esquerda cultural americana ou outra coisa qualquer- pressupõe que o todo de X está permeado pelos maus hábitos intelectuais que denunciamos e essa acusação tem de ser estabelecida por quem a efectua.Enquanto escrevíamos este livro, beneficiámos de inúmeras discussões e debates, tendo recebido muitos encorajamentos e críticas. Apesar de não podermos agradecer individualmente a todos os que deram a sua contribuição, queremos exprimir o nosso reconhecimento àqueles que nos ajudaram, apontando referências ou lendo e criticando partes do manuscrito: Michael Albert, Robert Alford, Roger Balian, Louise Barre, Jeanne Baudouin von Stebut, Paul Boghossian, Raymond Boudon, Pierre Bourdieu, Jacques Bouveresse, Georges Bricmont, James Robert Brown, Tim Budden, Noam Chomsky, Helena Cronin, Bérangère Deprez, Jean Dhombres, Cyrano de Dominicis, Pascal Engel, Barbara Epstein, Roberto Fernández, Vincent Fleury, Julie Franck, Allan Franklin, Paul Gérardin, Michel Gevers, Michel Ghins, Yves Gingras, Todd Gitlin, Gerald Goldin, Sylviane Goraj, Paul Gross, Étienne Guyon, Michael Harris, Géry-Henri Hers, Gerald Holton, John Huth, Markku Javanainen, Gérard Jorland, Jean-Michel Kantor, Noretta Koertge, Hubert Krivine, Jean-Paul Krivine, Antti Kupiainen, Louis Le Borgne, Gérard Lemaine, Geert Lernout, Jerrold Levinson, Norm Levitt, Jean-Claude Limpach, John Madore, Andréa Loparic, John Madore, Christian Maes, Francis Martens, Maurice Mashaal, Tim Maudlin, Sy Mauskopf, Jean Mawhin, Maria McGavigan, N. David Mermin, Enrique Muñoz, Meera Nanda, Michael Nauenberg, Marina Papa, Patrick Peccatte, Jean Pestieau, Daniel Pinkas, Louis Pinto, Alain Pirotte, Olivier Postel Vinay, Patricia Radelet-de Grave, Marc Richelle, Benny Rigaux-Bricmont, Ruth Rosen, David Ruelle, Patrick Sand, Mónica Santoro, Abner Shimony, Lee Smolin, Philippe Spindel, Hector Sussmann, Jukka-Pekka Takala, Serge Tisseron, Jacques Treiner, Claire Van Cutsen, Jacques Van Rillaer, Loïc Wacquant, M. Norton Wise, Nicolas Witkowski e Daniel Zwanziger. Agradecemos igualmente aos nossos editores, Nicky White e George Witte, pelas suas sugestões valiosas. Sublinhamos que estas pessoas não estão necessariamente de acordo com o conteúdo ou mesmo com a intenção desta obra.Finalmente, agradecemos à Marina, à Claire, ao Thomas e ao Antoine por nos terem apoiado durante os últimos dois anos.Estamos muito contentes por este livro ser agora editado em Portugal. Esperamos que a partir dele possa ser desencadeado e estimulado neste país um debate fecundo e produtivo sobre as ideias nele contidas. Gostaríamos de exprimir a nossa profunda gratidão aos tradutores portugueses, Nuno Crato e Carlos Veloso, que colaboraram connosco com dedicação na preparação desta tradução e inseriram pacientemente no texto todas as nossas últimas indicações, alterações e melhoramentos.Prefácio à Edição PortuguesaSite de Alan Sokal: http://vesuvius.physics.nyu.edu/faculty/sokal/index.html

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Eu não sei o que Deus é,
mas sei o que Ele não
é


continuação...

O problema por conseguinte, é este: para que o homem possa transformar-se radicalmente, fundamentalmente, torna-se necessária uma mutação nas próprias células cerebrais de sua mente. Dizem-nos que devemos mudar, que devemos agir, que devemos transformar nossa mente, nosso coração, tornar-nos uma coisa totalmente diferente. Isso vem sendo pregado há milhares de anos por homens muito sérios, muito ardorosos, e também por charlatães interessados em explorar o povo. Mas, agora, chegamos ao ponto em que não há mais tempo a perder. Compreendei isto por favor. Não dispomos de tempo para efetuar gradualmente tal transformação. Os intelectuais de todo o mundo estão reconhecendo que o homem se acha à beira de um abismo, na iminência de destruir a si próprio. Nem religiões, nem deuses, nem salvadores, nem mestres, nem as lenga-lengas dos gurus, poderão impedi-los. Dizem os intelectuais ser necessário inventar uma nova droga, uma 'pílula dourada' capaz de produzir uma completa transformação química; e os cientistas provavelmente descobrirão esta droga. Não sei se estais bem a par dessas coisas. Ora conquanto o organismo físico seja um produto bioquímico, pode uma droga, uma superdroga fazer-vos amar, tornar-vos bondosos, generosos, delicados, não violentos? Não o creio; nenhum preparado químico pode fazer os homens amarem-se uns aos outros. O amor não é um produto do pensamento; também não é cultivável, como a flor que cultivamos em nosso jardim. O amor não pode ser comprado numa drogaria, e o amor é a única coisa que poderá salvar o homem - e não os artifícios das religiões, nem seus ritos, nem todos os exércitos do mundo. Podemos fugir, assistindo a concertos, visitando museus, entregando-nos a divertimentos de toda ordem - debalde! - porque o homem se acha hoje em dia em presença de um tremendo problema: se tem a possibilidade de transformar-se radicalmente, de efetuar uma total mutação de sua consciência, não amanhã, nem daqui a alguns anos, mas agora! Eis o problema principal: se o homem, em qualquer país que viva, com todas as suas belezas naturais, é capaz de operar uma mutação radical em seu interior, imediatamente. E não podeis resolvê-lo com vossas crenças, vossas ideologias, vossos deuses, salvadores, sacerdotes e rituais. Essas coisas já não tem o menor significado. Podemos ir longe, se começarmos de muito perto. Em geral começamos pelo mais distante, o "supremo princípio", "o maior ideal", e ficamos perdidos em algum sonho vago do pensamento imaginativo. Mas quando partimos de muito perto, do mais perto, que é nós, então o mundo inteiro está aberto — pois nós somos o mundo. Temos de começar pelo que é real, pelo que está a acontecer agora, e o agora é sem tempo.

… Falamos da vida — e não de idéias, de teorias, de práticas ou de técnicas. Falamos para que olhe esta vida total, que é também a sua vida, para que lhe dê atenção. Isso significa que não pode desperdiçá-la. Tem pouquíssimo tempo para viver, talvez dez, talvez cinquenta anos. Não perca esse tempo. Olhe a sua vida, dê tudo para a compreender.

Jiddu Krishnamurti


"Não é demonstração de saúde ser bem ajustado a uma
sociedade profundamente doente."

Platão




"Um grão de Filosofia dispõe ao ateísmo; muita Filosofia reconduz à religião"